terça-feira, 27 de setembro de 2011

Reta final!!! Esse bebê vai nascer dia 01!


Sábado, dia primeiro de outubro está chegando. O grande dia. Estamos a poucos dias da nossa estréia e nossa produção está a mil por hora!
Os sentimentos também estão a mil...Medo, ansiedade! Trata-se de um projeto diferente de todos que já experimentamos...nosso público bebê é imprevisível...Será que atingiremos nosso objetivo? É como sentir-se a beira de um precipício! Mas aí vem também a enorme sensação de felicidade por concretizar esse projeto tão sonhado, tão querido e tão esperado. O período de gestação está no fim e De sol, de céu e de lua nasce agora.
Confiram abaixo as fotos da reta final e da nossa equipe! Desde já agradecemos todos os que embarcaram com a gente nessa viagem!
E sábado esperamos todos no Teatro Sesi Rio vermelho!!!!




Ensaios, ensaios e mais ensaios!


Thiago Enoch, nosso preparador corporal


Maurício Pedrosa na cenografia


Karina Allatta na execução de figurino e maquiagem


Aline Villaffane na consultoria em psicologia do desenvolvimento infantil


Luciano salvador Bahia na trilha sonora


Gabriela Almeida, Rafael Rodrigues e Luana Carrera arrasando nas vozes em off! Amamos essas participações super especiais!


Rafa concentradíssimo!




Nossa Zizi também marcou presença no estúdio!




Registrando nossa sessão de fotos, com Alê Nohvais!

Completando nossa ficha técnica, Daniel Paixão na programação visual (em breve postarei sua foto) e a luxuosa participação de Harildo Déda emprestando sua voz aos poemas de Manoel de Barros.

É isso aí. O próximo post desse blog será para contar como foi a estreia. Ai, ai, ai, que frio na barriga!

Até lá!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Oficina de Transfazer Natureza

Antes de tudo, quero dizer que temos recebido muitos e-mails com comentários afetuosos, divertidos, instigantes, entusiasmados e reflexivos. Agradecemos a todos pelo interesse e pelo incentivo e pedimos que continuem escrevendo, se possível aqui no blog, para que todos os que nos acompanham tenham acesso. Assim, nossas conversas ficam ainda mais ricas! Mais uma vez obrigada, continuem com a gente!
Esperamos todos vocês durante a temporada!!!

Estamos chegando à reta final da nossa montagem. Ensaios, definições, correria, muuuuiitos detalhes! O cuidado com cada pedacinho dessa montagem trás de volta a sensação de arrumar o quarto para o bebê que vai chegar. Cada dia que passa gera uma nova expectativa, o amor é impresso em cada detalhe e a alegria supera qualquer cansaço! E olha que está puxado!!!

Estou matutando sobre uma das cenas do nosso espetáculo. Uma cena inspirada no poema:
Bernardo montou no quintal uma Oficina de Transfazer Natureza.
(Objetos fabricados na Oficina, por exemplo:
Duas aranhas com olho de estame
Um beija flor de rodas vermelhas
Um imitador de auroras – usado pelos tordos.
Três peneiras para desenvolver moscas
E uma flauta para solos de garça).

Na cena também teremos a nossa oficina de transfazer natureza. Misturamos as formas de Miró e seus títulos sugestivos (O sorriso de uma lágrima, Bela mulher de chapéu, estrela, a lição de dança do gato, cifras e constelações amorosas de uma mulher, Escadas cruzando o céu azul numa roda de fogo), com as invenções de Manoel de Barros (Parafuso de veludo, abridor de amanhecer, esticador de horizonte, alicate cremoso), além de, é claro, incluirmos as invenções de nossos pequenos Zizi e Davi. Eles inventam, ou simplesmente renomeiam coisas de acordo com seus olhares sobre essas coisas. E assim,
Um capuz é na verdade um chapéu de chover
A falange é o queixo do dedo
Um desenho que ela fez para o pai é um golfinho assustador de algas
Um desenho que ela fez pra mim era uma chuva de pingentes
A vara de pescar ganha um nome bem melhor: Peixador!

Eis o convite que fazemos com De sol, de céu e de lua: Mandar embora a Lógica da Razão e permitir-se, assim como a criança, brincar de transfazer a natureza. Transformar-se em outro, virar bicho, virar árvore, dar aos objetos outros nomes e outras funções.

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia...
As coisas que não tem nome são mais pronunciadas por crianças.
(Manoel de Barros no poema: Uma didática da invenção)

Brincar com as palavras, com os objetos, com a natureza. Brincar! Brincar!

Brincando com Luiza (Zizi). Inspiração para a brincadeira: Miró e as músicas de Tuzé de Abreu!





Não tenho dúvida de que Miró escolheria os desenhos dela!!!


Se seu filho ou filha já renomeou objetos de uma forma bastante criativa ou deu novas utilidades a um objeto, conte pra gente! Esse pedacinho da história de seus pequenos poderá fazer parte da nossa peça! Estamos esperando seus comentários!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Seguindo na pesquisa: fragmentos de textos e reflexões sobre arte para a primeira infância

Abaixo, fragmentos de alguns textos ou depoimentos que vêm nos alimentando nesse processo. A maioria desses textos chegou até nós por meio da mostra poética entre arte e bebês, que aconteceu em São Paulo no mês passado. Um agradecimento especialmente carinhoso à Lucia Lombardi, que foi mediadora da mesa sobre tetro para bebês e que nos presenteou com o livro: Cócegas, cambalhotas e esconderijos: construindo cultura e criando vínculos, no qual ela é autora de um dos capítulos. Lúcia, obrigada pela dedicatória e pelo carinho com que nos recebeu! Nos encontraremos em breve!

“O que tem de diferente a criança do terceiro milênio? Será que o acesso à internet, a velocidade das comunicações, o conhecimento precoce sobre temas como clonagem, violência, transplantes e sequestros estão mudando a natureza infantil? No contato com milhares de crianças, percebo que elas não mudaram. Têm um olhar encantador das manhãs douradas, têm mãos inquietas como as do Criador, têm sorrisos abertos e doces como a brisa da tarde. Perdem tempo olhando formigas, sentindo a terra e provando o orvalho.
Mudamos nós, que deixamos de falar de estrelas, sacis e cucas. Que esquecemos de olhar o céu, de ver o manto estrelado da noite, de pensar nas cores dos peixinhos do mar, nos brilhos dos raios de sol, nas cores do arco íris.
Ficamos estáticos, deixamos de voar nas asas das borboletas e dos pirilampos. Trocamos a leveza dos sonhos e da fantasia pelo peso de uma realidade que cai sobre nossos ombros e nos paralisa de tanto cansaço. A nossa verdade ficou dura e nossa realidade cinzenta.
Mudamos nós que apressamos a vida, que contabilizamos sorrisos, olhares, palavras e dinheiro, que fazemos das crianças seres como nós, que impomos etapas queimadas, que lhes impigimos agendas cheias de horários estressados, roubando deles o tempo e o espaço de ser criança, a ternura e descomplicação de um ser que tem seu tempo de crescer normal, para exisitir completo".

Nairzinha
Assisitente social, cantora, compositora e pesquisadora do folclore infantil e coordenadora da ONG Sons do Bem, em Salvador.


“O corpo humano que acaba de nascer é habitado: tem gente dentro! Seus primeiros contatos com o mundo exterior são de natureza sensorial. Alguns permanecem nesse nível, como a dor, frio e o quente, a fome. Quando porém são estruturados pelo pensamento, tornam-se Estéticos. A Estética nasce com o bebê – não há o que temer”.

Augusto Boal em seu livro: A Estética do Oprimido


"É através da brincadeira que a criança começa a entender que não precisa desistir, desesperada, se um bloco não se equilibra perfeitamente sobre o outro logo da primeira vez. Fascinada pelo desafio de construir uma torre, ela aprende pouco a pouco que, mesmo não acertando de imediato, poderá ter êxito se perseverar. (...) entretanto, ela não aprenderá isso se os pais estiverem apenas interessados no sucesso, elogiando apenas o êxito, e não o esforço tenaz.

Bruno Bettelheim , em seu livro: Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1988.



Henri Wallon cria estágios para explicar o desenvolvimento infantil:
“Na primeira fase, impulsividade motora ( 0 a 3 meses) predominando atividades que visam à exploração do próprio corpo em relação às suas sensibilidades internas e externas. É uma atividade global ainda não estruturada, com movimentos bruscos, dosordenados de enrijecimento e relaxamento da tensão muscular. (...) Na segunda fase, emocional, (3 a 12 meses), já é possível reconhecer padrões emocionais diferenciados para medo, alegria, raiva, etc. Inicia-se assim o processo de discriminação de formas e de se comunicar pelo corpo.
Para explicar o desenvolvimento da criança de 1 a 3 anos, Wallon cria o estágio Sensório-motor e projetivo, onde as principais atividades da criança “se concentram na exploração concreta do espaço físico pelo agarrar, segurar, manipular, apontar, sentar, andar, etc., auxiliadas pela fala que se acompanha por gestos. Inicia-se assim o processo de discriminação entre objetos, separando-os entre si. Toda essa atividade motora exuberante do sensório-motor e projetivo prepara não só o afetivo, mas tambémo cognitivo que vai instrumentalizar a criança para o próximo estágio.”

Henri Wallon: Psicologia e Educação. São Paulo. Edições Loyola, 2000.


“Quando se trabalha com Primeira Infância, arte não é algo que ocorra isoladamente. Ela engloba: controle corporal, coordenação, equilíbrio, motricidade, sentir, ver, ouvir, pensar, falar, ter segurança. E ter confiança para que a criança possa experimentar. E que ela retorne ao adulto, tenha contato e crie junto. O importante é ter um adulto por perto, coparticipando e não controlando. As crianças pequenas procuram adultos para desenvolver sua linguagem artística. Não se trata de criar situações artificialmente, mas deixar que elas fluam naturalmente. Ouvir pássaros, saborear uma fruta. Dançar. E voltar a pintar. Pode-se criar de várias maneiras: brincar ao mesmo tempo em que se cria um desenho. Sentir outros materiais e outros lugares. Experimentar. Ao traçar caminhos, novos e desconhecidos, a criança desenvolve sua sensibilidade e adquire uma consciência maior de todos os seus sentidos. Isso é fantástico. A arte dos pequenos deve ser vista como um contexto amplificado. Como um todo.”

Texto extraído do livro Baby-Art – os primeiros passos com a arte de Anna Marie Holm

“Pertencer é participar ativamente, gritar, saltar, bater palmas. Balbuciar, bem como perceber a si mesmo, ao outro e ao entorno de muitas maneiras, introspectivamente inclusive. Participar ativamente e perceber introspectivamente podem ser os passos iniciais na educação estética das crianças pequenas, na direção de fazer teatro e usufruir teatro, fazer música e usufruir música, dançar e usufruir dança, fazer arte e usufruí-la. Enxergar teatralidade nos gestos cotidianos, ordinários e comuns faz parte do exercício de um olhar antropológico para a criança, olhar que enriquece a leitura adulta das culturas da infância. Nesta visão, a criança da tenra infância já se encontra mergulhada em potencialidades estéticas, artísticas e criadoras”.

Marina Marcondes Machado – texto escrito para a Mostra Conversas Poéticas entre arte e bebês (São Paulo, agosto de 2011)

“A criança de 0 a 3 anos percebe o mundo a partir das relações que ela estabelece com os outros e com as coisas ao seu redor: o que ela é, o que sente e sabe, ela aprende na exploração dos sentidos e dos contatos diretos. Como ponto de partida para seu desenvolvimento, são de fundamental importância, a experimentação e a sensibilização. (...) propomos um espetáculo em que o bebê possa experimentar a partir do ver, ouvir, cheirar, sentir, tocar, vivenciando sensorialmente as possibilidades expressivas que o espetáculo propõe por meio de um ambiente rico em estímulos, onde o ator se comunica por movimento, gesto e intenções, diretamente com o espectador (neste caso, especificamente o bebê)”.

Grupo Papo Corpório sobre seu espetáculo, Berço de Espuma.

Continuaremos compartilhando por aqui ideias, fragmentos e reflexões que nos inspiram e embasam na criação desse trabalho!

O que é uma criança, por Beatrice Alemagna

Uma criança é uma pessoa muito pequena. Ela só é pequena por pouco tempo, depois se torna grande. Cresce sem perceber: devagarinho e em silêncio, seu corpo se encomprida. Uma criança não é uma criança para sempre. Ela se transforma.

As crianças têm pressa de crescer. “Algumas crianças crescem, parecem felizes e pensam: como é bom ser grande, livre, decidir tudo sozinha!” Outras crianças, quando se tornam adultas, pensam exatamente o contrário: “Como é chato ser grande, ser livre, decidir tudo sozinho!”

Crianças têm mãos pequenas, pés pequenos e olhos pequenos, mas nem por isso têm idéias pequenas. Às vezes as ideias das crianças são muito grandes, divertem os adultos que escancaram a boca e dizem: “- Ah!”

As crianças têm desejos estranhos: ter sapatos brilhantes, comer algodão doce no almoço, ouvir a mesma história todas as noites.

Gente grande também tem ideias estranhas na cabeça: tomar banho todos os dias, cozinhar feijão na manteiga, dormir sem cachorro amarelo. “Mas como pode ser?”, perguntam as crianças.

As crianças choram porque uma pedrinha caiu na água, porque o xampu faz arder os olhos, porque está com sono, porque está escuro. Choram alto, pra todo mundo ouvir.

Pra se consolar, elas só precisam de um olhar carinhoso. E de uma luzinha ao lado da cama.

Os adultos, por sua vez, gostam de dormir no escuro. Quase nunca choram, nem quando entra xampu no nariz. E, quando é o caso, choram baixinho. Tão baixinho, que as crianças nem reparam. Ou fingem que não estão vendo nada.

As crianças parecem esponja. Absorvem tudo: o nervosismo, os pensamentos ruins, os medos dos outros. Parecem esquecer, mas depois reaparece tudo dentro da pasta da escola, debaixo do lençol, ou até diante de um livro.

As crianças precisam ser observadas com olhar atento.

As crianças têm coisas pequenas como elas mesmas: uma cama pequena, pequenos livros coloridos, um guarda-chuva pequeno, uma cadeira pequena. Mas elas vivem num mundo muito grande, tão grande, tão grande, que as cidades não existem, os ônibus se erguem no espaço e as escadas não têm fim.

Algumas crianças, como se sabe, não gostam de ir à escola. Elas gostam de fechar os olhos e sentir o cheiro da grama, de sair correndo e gritando atrás dos pombos, de ouvir a voz distante dos caramujos, de franzir o nariz na frente do espelho.

Existem crianças de todos os tipos, de todas as cores, de todas as formas.

As crianças que resolvem não crescer, não crescem nunca.

Elas devem ter um mistério dentro de si. Então, mesmo depois de grandes, comovem-se com as coisas pequenas: um raio de sol ou um floco de neve.

Existem crianças baixinhas, gorduchas, caladas. Crianças de óculos, em cadeira de rodas. Crianças com aparelho nos dentes que brilha ao sol.

Existem crianças chatas, que nunca querem dormir, crianças mimadas que só fazem o que querem, crianças que às vezes quebram pratos, as vasilhas e tudo mais.

TODAS AS CRIANÇAS SÃO PESSOAS PEQUENAS QUE UM DIA VÃO MUDAR.

Vão deixar de ir à escola para ir ao trabalho, talvez sejam felizes, talvez tenham barba e bigode virado pra cima, ou cabelos pintados de verde. Talvez se zanguem por causa de coisas estranhas, como um telefone que não toca, ou o trânsito.

Mas por que pensar nisso agora?

Uma criança é uma pessoa pequena. Para adormecer, precisa de um olhar carinhoso. E de uma luzinha ao lado da cama.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Conversas Poéticas entre arte e bebês em São Paulo. Nós fomos!

Aconteceu em São Paulo, entre os dias 12 e 22 de agosto, a mostra "Conversas poéticas entre arte e bebês", no Centro Cultural São Paulo (Vergueiro). Por cinco dias participamos de palestras, debates, workshops e discussões instigantes a cerca da arte produzida para a primeiríssima infância. No final de semana, assistimos a espetáculos dos grupos Papo Corpóreo (que há três anos desenvolve pesquisa sobre o teatro para bebês) e Cia Noz, um espetáculo genial para todas as idades, inclusive para bebês! Levamos Luiza (Zizi), nossa filhota, que adorou tudo! Foi muito produtivo, enriquecedor! Voltamos cheios de ideias, alimentados pelas discussões e troca de experiências.
Abaixo o registro de alguns momentos!

O Centro Cultural São Paulo, que abrigou a mostra.


Espetáculo: "O que eu sonhei?" Da Cia Zin, idealizadora da mostra.


Espetáculo "O jardim de Caicara", da Cia Trecos e Cacarecos.



"Workshop de musicalização para bebês". Essa foi uma tarde deliciosa, com a grande professora Enny Parejo! Vamos nos encontrar mais vezes! Ano que vem vamos trazê-la pra Salvador!


Prestem atenção! Estou bem aí de costas! Olha a setinha indicando!


Espetáculo "Berço de Espuma", da Cia Papo Corpóreo, de Londrina. Era lindo ver os bebês completamente envolvidos com a cena! Pulavam no colo das mães, queriam entrar no espaço cênico, soltavam gritinhos e olhavam tudo com os olhinhos brilhando!


Workshop "O corpo lúdico", com a Cia Papo Corpóreo. Olha aí o diretor Marconi se jogando!


Esse foi um dos debates da semana: "Arte e bebês: aproximações e distanciamentos". Essa que está falando é Marina Marcondes Machado. Pra quem quiser conhecer um pouco do trabalho e da pesquisa de Marina sobre "cotidiano, arte e infância" é só acessar o link: http://www.agachamento.com
Eu recomendo!


Este foi um dos dias mais especiais da mostra. Os quatro grupos de teatro que se apresentaram nos dois fins de semana falaram sobre suas experiências, pesquisas e processos de montagem. Discussões muito ricas!




As pequenas brincando no tapete emborrachado antes do espetáculo começar!



Nossa pequena com as atrizes de "Oras Bolas". Nos tornamos fãs da Cia Noz de Teatro e Dança. O espetáculo é lindo! Para quem quiser conhecer um pouco mais, eis o link:http://www.wix.com/cianozdeteatro/site#!


No último dia, eu, Marconi e Zizi, com frio, mas muito felizes!!!!

Para saber sobre a programação completa da Mostra, é só acessar o blog da Cia Zin: http://teatrobb.blogspot.com/

A boa notícia é que as discussões continuam pela net afora! Já estamos planejando a ida do nosso espetáculo "De sol, de céu e de lua" pelo pais inteiro além de uma articulação de um mostra semelhante aqui em Salvador! Aguardem novidades!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

De sol, de céu e de lua - diretrizes do nosso espetáculo

Os bebês não separam realidade de sonho. Por isso nosso espetáculo busca um apuro visual. Para estimular o público as cores fortes e primárias da arte pictórica de Joan Miró, com suas formas desconstruídas por uma apurada técnica, que busca, de modo agudo, o distanciamento das normas acadêmicas, conquistando a “infância do traço” e reencontrando (ou conquistando) a infância em plena maturidade profissional.
Ao encontro de Miró trouxemos a poesia de Manoel de Barros. Por muitos considerada surrealista, nada mais é do que a arte de um menino, que do auge de seus 95 anos, brinca de jogar com as palavras, pintando quadros poéticos com frases nonsense que desregulam os sentidos. Para Manoel “Arte não tem pensa:/ O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê./ É preciso transver o mundo. / Isto seja: / Deus deu a forma. Os artistas desformam. / É preciso desformar o mundo:/ Tirar da natureza as naturalidades.”
Crianças de todas as idades transvêem o mundo. E essa é a premissa da qual partimos para a construção deste espetáculo.
Em relação à linguagem, o bebê, por exemplo, só começa a estabelecê-la após os 12 primeiros meses. Ora, fazer um espetáculo com o recurso da blablação (gromelô) não fará a pessoa bebê entender melhor a situação cênica. Priorizamos então os mais velhos (crianças e adultos), permitindo-lhes a compreensão (daquilo que pode ser compreendido) através da linguagem falada, levando a ‘perturbação dos sentidos’ para as frases e orações, e não para as sílabas e letras. Para todos (bebês, crianças, jovens e adultos) priorizamos o trabalho corporal no auxílio para a narrativa dramática.
Para o bebê, teatro, dança e música são indissociáveis. Por isso o espetáculo é pleno de trilhas musicais e efeitos sonoros (ao vivo e em off) para auxiliar nessa narrativa não-linear, lírica e onírica estruturada pelos artistas criadores.
Na medida do possível se buscará (nossa estreia será dia 01-10-2011) o contato com as crianças por meio de outros sentidos, além do da visão e audição. O toque das atrizes em crianças que poderão estar em cena, o contato com esguichos, bolinhas de sabão, efeito de gelo seco (em geral com um perfume agradável), a utilização de tintas comestíveis na cena e a possibilidade de todas explorarem os detalhes do cenário no final do espetáculo, dará conta da proposta estésica objetivada.

Teatro para bebês: "eis a questão!"

       O dia-a-dia como professores de teatro da Educação Infantil somada à experiência da maternidade/ paternidade nos impulsionaram ao desafio de tecer um espetáculo teatral para bebês e crianças de 0 a 6 anos.
‘Bebês’ aqui serão considerados aquelas pessoas que possuam quatro anos incompletos. A partir dessa idade serão chamadas ‘crianças’.
Questões naturais surgiram quando começamos a pensar sobre a possibilidade de fazer um espetáculo para bebês: "pessoas bebês entendem uma apresentação ao vivo? O que dizer para esse público? Quais os referenciais existentes nessa vertente? O teatro para bebês é uma vertente? Os pais e mães de Salvador acolherão a idéia de levar crianças na primeiríssima infância para o teatro? Como seria a linguagem utilizada num espetáculo para bebês? Tatibitate? E a experiência para os acompanhantes dos bebês, como seria?" As respostas a questões como essas e muitas outras nos guiaram na confecção deste espetáculo desafiador.
De acordo com modernos estudos o bebê, ainda na barriga da mãe, capta estímulos externos tais como sons e até mesmo luzes, quando, por exemplo, ele consegue acompanhar a lâmpada de uma lanterna acesa sobre a barriga da mãe. Ora, se um bebê, ainda no ventre materno, consegue ser estimulado, quanto mais após o seu nascimento.
Nosso espetáculo oportuniza uma experiência, mais do que estética, mas um experiência estésica, que se refere à compreensão de um objeto por meio dos sentidos.
         Há uma movimentação crescente em torno da pessoa bebê, principalmente no que se refere a novas “vivências” deste ser que acaba de chegar. Portanto, aulas de dança materna, grupos de canto-coral, iniciativas como a do Cine-materna, novas propostas educacionais pautadas na humanização dos processos de educação, o crescente uso de slings, o aumento do número de espetáculos pelo país voltados para esse público, o surgimento de um festival internacional voltado para esse teatro, são apenas pistas de que esse ‘movimento’ ganha espaço.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pra não esquecer

Hoje escrevi, no espelho e no coração: "TUDO SE RESOLVE COM CAMBALHOTAS" (Manoel de Barros)

... De sol, de Céu e de Lua está ficando lindo, crescendo e florescendo... alegria!!!
Mariana Moreno