domingo, 24 de março de 2013

Relembrando como tudo começou...fragmentos de nossa pesquisa!

Abaixo, fragmentos de alguns textos ou depoimentos que vêm nos alimentando nesse processo. A maioria desses textos chegou até nós por meio da mostra poética entre arte e bebês, que aconteceu em São Paulo no mês passado. Um agradecimento especialmente carinhoso à Lucia Lombardi, que foi mediadora da mesa sobre tetro para bebês e que nos presenteou com o livro: Cócegas, cambalhotas e esconderijos: construindo cultura e criando vínculos, no qual ela é autora de um dos capítulos. Lúcia, obrigada pela dedicatória e pelo carinho com que nos recebeu! Nos encontraremos em breve!

“O que tem de diferente a criança do terceiro milênio? Será que o acesso à internet, a velocidade das comunicações, o conhecimento precoce sobre temas como clonagem, violência, transplantes e sequestros estão mudando a natureza infantil? No contato com milhares de crianças, percebo que elas não mudaram. Têm um olhar encantador das manhãs douradas, têm mãos inquietas como as do Criador, têm sorrisos abertos e doces como a brisa da tarde. Perdem tempo olhando formigas, sentindo a terra e provando o orvalho. 
Mudamos nós, que deixamos de falar de estrelas, sacis e cucas. Que esquecemos de olhar o céu, de ver o manto estrelado da noite, de pensar nas cores dos peixinhos do mar, nos brilhos dos raios de sol, nas cores do arco íris.
Ficamos estáticos, deixamos de voar nas asas das borboletas e dos pirilampos. Trocamos a leveza dos sonhos e da fantasia pelo peso de uma realidade que cai sobre nossos ombros e nos paralisa de tanto cansaço. A nossa verdade ficou dura e nossa realidade cinzenta.
Mudamos nós que apressamos a vida, que contabilizamos sorrisos, olhares, palavras e dinheiro, que fazemos das crianças seres como nós, que impomos etapas queimadas, que lhes impigimos agendas cheias de horários estressados, roubando deles o tempo e o espaço de ser criança, a ternura e descomplicação de um ser que tem seu tempo de crescer normal, para exisitir completo".

Nairzinha 
Assisitente social, cantora, compositora e pesquisadora do folclore infantil e coordenadora da ONG Sons do Bem, em Salvador.


“O corpo humano que acaba de nascer é habitado: tem gente dentro! Seus primeiros contatos com o mundo exterior são de natureza sensorial. Alguns permanecem nesse nível, como a dor, frio e o quente, a fome. Quando porém são estruturados pelo pensamento, tornam-se Estéticos. A Estética nasce com o bebê – não há o que temer”. 

Augusto Boal em seu livro: A Estética do Oprimido


"É através da brincadeira que a criança começa a entender que não precisa desistir, desesperada, se um bloco não se equilibra perfeitamente sobre o outro logo da primeira vez. Fascinada pelo desafio de construir uma torre, ela aprende pouco a pouco que, mesmo não acertando de imediato, poderá ter êxito se perseverar. (...) entretanto, ela não aprenderá isso se os pais estiverem apenas interessados no sucesso, elogiando apenas o êxito, e não o esforço tenaz.

Bruno Bettelheim , em seu livro: Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1988.



Henri Wallon cria estágios para explicar o desenvolvimento infantil:
“Na primeira fase, impulsividade motora ( 0 a 3 meses) predominando atividades que visam à exploração do próprio corpo em relação às suas sensibilidades internas e externas. É uma atividade global ainda não estruturada, com movimentos bruscos, dosordenados de enrijecimento e relaxamento da tensão muscular. (...) Na segunda fase, emocional, (3 a 12 meses), já é possível reconhecer padrões emocionais diferenciados para medo, alegria, raiva, etc. Inicia-se assim o processo de discriminação de formas e de se comunicar pelo corpo. 
Para explicar o desenvolvimento da criança de 1 a 3 anos, Wallon cria o estágio Sensório-motor e projetivo, onde as principais atividades da criança “se concentram na exploração concreta do espaço físico pelo agarrar, segurar, manipular, apontar, sentar, andar, etc., auxiliadas pela fala que se acompanha por gestos. Inicia-se assim o processo de discriminação entre objetos, separando-os entre si. Toda essa atividade motora exuberante do sensório-motor e projetivo prepara não só o afetivo, mas tambémo cognitivo que vai instrumentalizar a criança para o próximo estágio.”

Henri Wallon: Psicologia e Educação. São Paulo. Edições Loyola, 2000.


“Quando se trabalha com Primeira Infância, arte não é algo que ocorra isoladamente. Ela engloba: controle corporal, coordenação, equilíbrio, motricidade, sentir, ver, ouvir, pensar, falar, ter segurança. E ter confiança para que a criança possa experimentar. E que ela retorne ao adulto, tenha contato e crie junto. O importante é ter um adulto por perto, coparticipando e não controlando. As crianças pequenas procuram adultos para desenvolver sua linguagem artística. Não se trata de criar situações artificialmente, mas deixar que elas fluam naturalmente. Ouvir pássaros, saborear uma fruta. Dançar. E voltar a pintar. Pode-se criar de várias maneiras: brincar ao mesmo tempo em que se cria um desenho. Sentir outros materiais e outros lugares. Experimentar. Ao traçar caminhos, novos e desconhecidos, a criança desenvolve sua sensibilidade e adquire uma consciência maior de todos os seus sentidos. Isso é fantástico. A arte dos pequenos deve ser vista como um contexto amplificado. Como um todo.”

Texto extraído do livro Baby-Art – os primeiros passos com a arte de Anna Marie Holm

“Pertencer é participar ativamente, gritar, saltar, bater palmas. Balbuciar, bem como perceber a si mesmo, ao outro e ao entorno de muitas maneiras, introspectivamente inclusive. Participar ativamente e perceber introspectivamente podem ser os passos iniciais na educação estética das crianças pequenas, na direção de fazer teatro e usufruir teatro, fazer música e usufruir música, dançar e usufruir dança, fazer arte e usufruí-la. Enxergar teatralidade nos gestos cotidianos, ordinários e comuns faz parte do exercício de um olhar antropológico para a criança, olhar que enriquece a leitura adulta das culturas da infância. Nesta visão, a criança da tenra infância já se encontra mergulhada em potencialidades estéticas, artísticas e criadoras”.

Marina Marcondes Machado – texto escrito para a Mostra Conversas Poéticas entre arte e bebês (São Paulo, agosto de 2011)

“A criança de 0 a 3 anos percebe o mundo a partir das relações que ela estabelece com os outros e com as coisas ao seu redor: o que ela é, o que sente e sabe, ela aprende na exploração dos sentidos e dos contatos diretos. Como ponto de partida para seu desenvolvimento, são de fundamental importância, a experimentação e a sensibilização. (...) propomos um espetáculo em que o bebê possa experimentar a partir do ver, ouvir, cheirar, sentir, tocar, vivenciando sensorialmente as possibilidades expressivas que o espetáculo propõe por meio de um ambiente rico em estímulos, onde o ator se comunica por movimento, gesto e intenções, diretamente com o espectador (neste caso, especificamente o bebê)”.

Grupo Papo Corpório sobre seu espetáculo, Berço de Espuma.

Continuaremos compartilhando por aqui ideias, fragmentos e reflexões que nos inspiram e embasam na criação desse trabalho!

terça-feira, 5 de março de 2013

OBA! VOLTAMOS NESSE FIM DE SEMANA!

Olha só! Que boa notícia!



Teremos a chance de matar a saudade dos bebês de Salvador no próximo fim de semana, em curtíssima temporada!

Fomos convidados para participar do Marco do Teatro e do Circo, evento comemorativo do mês do teatro produzido pela Fundação Cultural do Estado.

Nosso encontro (e reencontro) será na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, sábado e domingo (09 e 10 de março) às 16h!

Vamos lá?

Será lindo!

Maiores informações no link:
http://www.tca.ba.gov.br/content/de-sol-de-c%C3%A9u-e-de-lua