terça-feira, 20 de setembro de 2011

Oficina de Transfazer Natureza

Antes de tudo, quero dizer que temos recebido muitos e-mails com comentários afetuosos, divertidos, instigantes, entusiasmados e reflexivos. Agradecemos a todos pelo interesse e pelo incentivo e pedimos que continuem escrevendo, se possível aqui no blog, para que todos os que nos acompanham tenham acesso. Assim, nossas conversas ficam ainda mais ricas! Mais uma vez obrigada, continuem com a gente!
Esperamos todos vocês durante a temporada!!!

Estamos chegando à reta final da nossa montagem. Ensaios, definições, correria, muuuuiitos detalhes! O cuidado com cada pedacinho dessa montagem trás de volta a sensação de arrumar o quarto para o bebê que vai chegar. Cada dia que passa gera uma nova expectativa, o amor é impresso em cada detalhe e a alegria supera qualquer cansaço! E olha que está puxado!!!

Estou matutando sobre uma das cenas do nosso espetáculo. Uma cena inspirada no poema:
Bernardo montou no quintal uma Oficina de Transfazer Natureza.
(Objetos fabricados na Oficina, por exemplo:
Duas aranhas com olho de estame
Um beija flor de rodas vermelhas
Um imitador de auroras – usado pelos tordos.
Três peneiras para desenvolver moscas
E uma flauta para solos de garça).

Na cena também teremos a nossa oficina de transfazer natureza. Misturamos as formas de Miró e seus títulos sugestivos (O sorriso de uma lágrima, Bela mulher de chapéu, estrela, a lição de dança do gato, cifras e constelações amorosas de uma mulher, Escadas cruzando o céu azul numa roda de fogo), com as invenções de Manoel de Barros (Parafuso de veludo, abridor de amanhecer, esticador de horizonte, alicate cremoso), além de, é claro, incluirmos as invenções de nossos pequenos Zizi e Davi. Eles inventam, ou simplesmente renomeiam coisas de acordo com seus olhares sobre essas coisas. E assim,
Um capuz é na verdade um chapéu de chover
A falange é o queixo do dedo
Um desenho que ela fez para o pai é um golfinho assustador de algas
Um desenho que ela fez pra mim era uma chuva de pingentes
A vara de pescar ganha um nome bem melhor: Peixador!

Eis o convite que fazemos com De sol, de céu e de lua: Mandar embora a Lógica da Razão e permitir-se, assim como a criança, brincar de transfazer a natureza. Transformar-se em outro, virar bicho, virar árvore, dar aos objetos outros nomes e outras funções.

Desinventar objetos. O pente, por exemplo. Dar ao pente funções de não pentear. Até que ele fique à disposição de ser uma begônia...
As coisas que não tem nome são mais pronunciadas por crianças.
(Manoel de Barros no poema: Uma didática da invenção)

Brincar com as palavras, com os objetos, com a natureza. Brincar! Brincar!

Brincando com Luiza (Zizi). Inspiração para a brincadeira: Miró e as músicas de Tuzé de Abreu!





Não tenho dúvida de que Miró escolheria os desenhos dela!!!


Se seu filho ou filha já renomeou objetos de uma forma bastante criativa ou deu novas utilidades a um objeto, conte pra gente! Esse pedacinho da história de seus pequenos poderá fazer parte da nossa peça! Estamos esperando seus comentários!

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